revoluçao do fato de treino cinza

A revolução do moletom cinza mescla
Não tem coisa pior do que abrir um blogue e passar o tempo reclamando da falta de tempo. Mas eu perdi o fio da meada daqui, por ter me enfiado em um “projeto educativo sobre a história do rock” – depois explico, se deixarem.

Então, como requentar matérias velhas é estratégia fácil pra fingir que ainda se está vivo, aí vai uma em comemoração aos 80 anos do moletom, com um bando de revolucionários da moda que descobri há dois anos – e que ainda estão ativos.

E já que o assunto é esse, tem uma matéria com aspas minhas no G1, onde sou classificado como “profissional do ‘mundinho’”.

O poder revolucionário do moletom cinza
(publicado originalmente @ Chic @ 06.2004)

Agora é guerra. Esqueça as tendências da estação, abandone os acessórios moderninhos, pare de se preocupar com as cores certas da temporada. Uma nova revolução fashion está no ar. Anti-fashion, na verdade.

Vindo do Canadá, o Grey Sweatsuit Revolution (Movimento Revolucionário do Moletom Cinza, numa tradução livre) prega uma filosofia corajosa: reduza seu guarda-roupa a apenas um par de moletons cinzas e use-os o dia inteiro, em todos os lugares. Afinal, você não precisa de mais do que isso.



O movimento quer combater o ciclo do mundo da moda, classificado por eles de parasita, atacando seu grande ponto fraco: se as tendências alimentam-se do que está escondido nas ruas, o que aconteceria se todo mundo passasse a usar moletons cinzas por aí? Eles se transformariam na próxima tendência? Paris seria invadida por desfiles de moletons insípidos e impessoais? Se isso acontecer, o Movimento provou o seu ponto: qualquer bobagem vira moda. A indústria está morta.

Segundo eles, as pessoas precisam parar de querer usar as roupas como sua grande forma de expressão. Isso porque a coisa chegou num ponto onde ninguém se esforça mais para ser minimamente interessante ou agir de forma diferente na multidão. O que importa é estar por dentro da última novidade. Ou seja, o movimento pelo “ser diferente” acaba massificando mais ainda o povo.

As regras da Revolução

O movimento não tem muitas regras. Aconselha apenas às pessoas que usem seus moletons o maior tempo possível, em todos os lugares.

O uniforme cinza sugerido pela Revolução é bem simples (e de causar pesadelos em alguns fashion victims). A blusa é convencional, de manga comprida e gola reforçada. Os punhos e as bainhas têm que ser elásticos. Nada de logotipos.

A calça precisa de cuidados: não pode ser muito larga nem muito justa. Se não tiver bolsos, não tem problema. Apele para uma pochete – o único acessório permitido, além das camisetas e meias brancas e da sapatilha preta.

Feito isso, você é um perfeito Revolucionário. E já pode começar a sabotar o mundo da moda com orgulho.

Por trás de tudo

O Grey Sweatsuit Revolution, antes de ser um movimento que se leva a sério, é um projeto de dois designers de Toronto: Simon Wilkinson e Jeremy Stewart.

O experimento da dupla tinha o objetivo de estudar a reação das pessoas diante de um movimento com esses ideais e forçá-las a considerar com mais cuidado a filosofia e os motivos que estão por trás das roupas que usam.

A idéia é manter o GSR durante o verão, até o dia 12 de junho. Os dois começaram a colocar os moletons em prática em março. Então, através do site da revolução, passaram a espalhar a idéia.

A maior surpresa foi ver que um bom número de pessoas abraçou a filosofia, ao redor do mundo. A dupla já recebeu relatos e fotos dos EUA, Inglaterra e Grécia, entre outros países. Encontros e festas foram organizados, para confraternizar os “revolucionários”.

Mas não é fácil, eles admitem. Os primeiros dias usando só moletons foram deprimentes para os dois. Eles dizem também que sofreram preconceito nas ruas durante os últimos meses. “As pessoas te olham torto se você está se vestindo de uma maneira fora dos padrões. Não é uma coisa pessoal. A alienação faz parte”.

Claro que as reações só serviram para estimular o projeto, que pode ir além do verão. Os motivos dos dois são nobres: “Não vista algo só porque é bonito. Tenha consciência. A moda tem um forte efeito no modo que as pessoas vêem você”.

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